quarta-feira, 23 de novembro de 2011

V Encontro Estadual de Educação do Campo


UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
GRUPO DE PESQUISA EDUCAÇÃO E MOVIMENTOS SOCIAIS


AS RELAÇÕES CAMPO-CIDADE NA CONSTRUÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO EMANCIPATÓRIA

JUSTIFICATIVA/OBJETIVO: 
O V Encontro Estadual é uma iniciativa do Grupo de Pesquisa Educação e Movimentos Sociais, Observatório de Educação/Departamento de Educação da Universidade Federal de Sergipe que, em conjunto com os movimentos sociais e sindicais do campo e da cidade, sindicato de trabalhadores da rede pública estadual, Comitê Estadual de Educação do Campo, Secretarias Municipais e Estaduais de Educação e o PRONERA/INCRA, pretendem fortalecer as ações das políticas públicas de educação que estão em desenvolvimento no Estado de Sergipe. O Encontro reunirá professores, estudantes, pesquisadores, técnicos de diferentes áreas para trocar experiências, participar de mesas, realizar sessões temáticas e trabalhos em grupo. Tem ainda como objetivo organizar coletivamente uma agenda pública de debate sobre as implicações do modelo de desenvolvimento capitalista na educação pública brasileira e em Sergipe.

PÚBLICO

professores da rede pública, estudantes de graduação e da pós-graduação, educadoras/es populares, movimentos sociais, movimentos sindicais, fóruns, comitês, Conselhos e gestores de educação, bolsistas de iniciação cientifica, profissionais de diferente áreas que atuam no campo, entre outros.
Eixos Temáticos

1)      Formação de Educadores
2)      Políticas Públicas de Educação
3)      Currículo, Infância e Juventude
4)      Didática e Práticas de Educação do Campo
5)      Educação Popular e Movimentos Sociais
6)      Arte e Comunicação nos processos formativos da classe trabalhadora

Inscrições:

1) Taxa de inscrição: R$ 20,00 (vinte reais), a ser pago no Banco do Brasil. Ag. 5657-X; conta 27.276-0.   

2) Inscrições de trabalhos:

De 05 a 28 de novembro de 2011 por e-mail educacaodocampoufs@gmail.com ou no Núcleo de Estudos Transdisciplinares em Educação, sala 14-A, Didática II (trabalho impresso). Serão aceitos trabalhos que apresentem resultados (finais ou parciais) de pesquisas ou experiências educativas relacionadas aos Eixos Temáticos do V Encontro de Educação do Campo.

 
PROGRAMAÇÃO:

Dia 05/12
9:00: Abertura da Exposição Paulo Freire
10:00 h: Fórum em Defesa da Escola Pública
10:30h Mesa Redonda: Que projeto de sociedade, que projeto de educação pública queremos?
Profª Iara Maria Campelo Lima - DED/UFS/SINTESE
Manoel de Souza Jesus - Aluno da Licenciatura em Educação do Campo: PROLEC
Rafaela da Silva - Juventude do Campo: (Coletivo de Juventude – Alto Sertão)
Coordenação: Profª Sonia Meire Santos Azevedo de Jesus

12:00 - Almoço
Tarde:
14:00- Minicurso: Educação Pública em Debate: lutas internacionais e nacionais (Alexandre Dorneles-RS e Fabio Nacif-SP)

16:00- Exposição e Lançamento de livros

17:30-19:00-Rodas de conversa (apresentação de trabalhos)
.
Dia 06/12
8:00- Mesa Redonda: A diversidade sócio- ambiental, cultural no enfrentamento ao modelo capitalista no campo e na cidade: questões para a educação.
Profº Licio Valério
Coordenação: Profª Sonia Meire Santos Azevedo de Jesus;

10:00-Mesa Redonda: Experiências de Educação Popular na organização do trabalho no Campo e na cidade. (extrativista, ribeirinho, agricultor). ASCAMAI; Associação de Mulheres Resgatando sua História-Pov Lagoa da Volta Porto da Folha; Marisqueira de São Cristovão; Porto do Mato e Pirambu- ProfªThiciane/ Assistente Social-PEAC; Projeto CHAMA.
Coordenação:Jaqueline Gomes dos Santos

12:00- Almoço
Tarde:
14:00-  Minicurso: Educação Pública em Debate: lutas internacionais e nacionais - Alexandre Dorneles-RS
16:00- Rodas de conversa (apresentação de trabalhos)

17:00-19:00-Rodas de conversa (apresentação de trabalhos)
Sessão Especial: Apresentação do Resultado da Pesquisa do Programa Saberes da Terra em Sergipe para educadores(as), SEED e Movimentos Sociais.

Dia 07/12
8:00 - Mesa Redonda: Que escola temos, que escola queremos?
Prof. Lianna Torres; Profª Glezia Kelly Costa; Profª Silvana Bretas/DED
Coordenação: Profª Marilene Santos/FA

10:00h - Mesa Redonda: Experiências de Educação e Gestão Escolar no Campo Profª Marizete Lucini/DED; Profº Aderico /MST
Coordenação: Damião Oliveira

12:00-Almoço
Tarde:
14:00h Sessão de Debate: A arte e a comunicação nos processos formativos da classe trabalhadora.
Prof. Romero Venancio; Pedro Alves.
Coordenação: Sonia Meire Azevedo de Jesus

16:00: Sessão de Filme/Documentário: Catadoras de Mangaba.
Coordenação: Rita Simone

17:00: Sessão Solene de Entrega dos Certificados aos participantes do Programa em ProJovem Campo Saberes da Terra. SEED/MST/COMITÊ/UNDIME/UFS

18:00 :Sessão de encerramento com a apresentação do CD “Catadoras de Mangaba”
Coordenação: Mary Barreto




terça-feira, 15 de novembro de 2011

Mais força para a Educação no campo

Foto: Ricardo Funari

Legislação que prevê o respeito às características da população rural ainda não virou realidade

Vínculo com a terra Depois do avanço nos anos 1990, políticas públicas ainda precisam considerar as necessidades de ensino das crianças e investir no fortalecimento da ligação do professor com a escola rural
Por muito tempo, pouco se olhou para as carências do ensino no campo, como a falta de infraestrutura e o currículo, que não levava em conta as necessidades específicas desses jovens e dessas crianças. Nos últimos 25 anos, pelo menos no terreno na legislação, isso mudou. Tanto que, no ano passado, o decreto 7.352 transformou o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) em política pública. Dessa forma, assegurou o comprometimento de governos futuros com a criação de cursos de Pedagogia e de especialização específicos para professores das escolas do campo.

Para garantir, pelo menos em lei, uma escola adequada, os moradores da área rural batalharam muito. O ensino, durante anos, apenas preparou os estudantes para trabalhar nas cidades. Os movimentos populares dos anos 1980, como o dos Trabalhadores Sem Terra (MST), pediram mudanças. "Uma das principais conquistas foi a inclusão do tema na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em 1996", pontua Maria Antonia de Souza, professora de pós-graduação do curso de Educação da Universidade Tuiuti do Paraná. Outros documentos oficiais em que também há preocupação com os âmbitos pedagógico e político são expressão das lutas dos povos do campo, como as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo e as diretrizes complementares. Em 2004, o MEC criou a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), que tem entre suas atribuições a de gerenciar diversos programas voltados à melhoria das condições de ensino no meio rural. Um deles é o Escola Ativa, com metodologia voltada para salas multisseriadas - existem mais de 50 mil escolas no país que têm uma sala só, reunindo crianças de diversas idades. Outra iniciativa é o Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação do Campo (Procampo), que tem como objetivo investir na formação em serviço de professores dos anos finais do Ensino Fundamental - principalmente os que têm o Ensino Médio e não frequentam uma universidade.

"A Educação no campo precisa valorizar ainda mais a realidade de quem vive e trabalha na terra, fortalecer o vínculo do professor com a escola e oferecer mais vagas tanto na segunda etapa do Ensino Fundamental como no Médio", afirma Mônica Castagna Molina, docente da Universidade de Brasília (UnB).
Uma pergunta para Mônica Castagna Molina
Foto: Cristina Gallo/Instituto Souza Cruz
Professora do programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília (UnB).

Quais as medidas necessárias para aumentar a escolaridade dos jovens que moram no campo?
É necessário garantir o acesso à terra e aos recursos naturais para as famílias. A escolarização das crianças que moram em assentamentos é maior do que a dos filhos dos trabalhadores rurais obrigados a constantes migrações. E aumentar a oferta de vagas nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio na área rural.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

MEC: 23% de analfabetismo no campo

De O Globo.com

Campo tem analfabetismo em 23% e mais de 37 mil escolas fechadas


ESCADA (PE) e RIO
- "Vai reformar?"; "Quando é que as aulas começam?"; "Vai ter 6 série?", pergunta, quase sem pausa, Heronildo José de Araújo, 11 anos, confundindo a equipe de reportagem com autoridades da prefeitura de Escada, município a 62 quilômetros da capital pernambucana. Ele vive em uma casa no Engenho Canto Escuro, em frente à Escola Municipal Tiradentes, um dos 37.776 estabelecimentos de ensino rurais do país que fecharam as portas nos últimos dez anos, segundo dados do Censo Escolar do Ministério da Educação (MEC).
Não gosto de viajar todos os dias para tão longe - reclama o menino, que sente enjoo no sacolejo do ônibus escolar e tem dois irmãos que também estudam muito distante de casa.
O número de escolas fechadas impressiona, mas está longe de ser o único dado que chama atenção na educação do campo, onde existem cerca de 80 mil estabelecimentos de ensino. Entre a população de 15 anos ou mais, a taxa de analfabetismo na zona rural chega a 23,3%, três vezes maior do que em áreas urbanas, e a escolaridade média é de 4,5 anos, contra 7,8 anos, mostra estudo de 2009 da socióloga Mônica Molina e mais dois especialistas para o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República.
- A ausência do Estado na garantia do direito à educação se traduz na precariedade da oferta. As alterações ocorridas nos últimos dez anos foram pequenas. Os professores são mal formados, não há infraestrutura e nem material pedagógico - avalia Mônica, professora da Universidade de Brasília (UnB).

Segundo ela, o fechamento das escolas, em geral, resulta de expansão do agronegócio e da nucleação - quando escolas de menor porte são extintas e os alunos, transferidos para unidades mais distantes e maiores. Mônica observa ainda que as diretrizes do setor dizem que a nucleação deve ser feita após os cinco anos iniciais do ensino fundamental e, preferencialmente, em escolas situadas também no campo, e não na área urbana.
Na opinião de Mônica, as políticas públicas para o campo precisam não só vincular o desenvolvimento à educação, mas garantir outros direitos:
- Ter acesso à terra é a primeira condição para o cidadão permanecer onde está e levar os filhos para a escola. O que está causando o fechamento das escolas não é só a nucleação. As áreas rurais estão sendo engolidas pela concentração fundiária. E os pais enfrentam de tudo para as crianças estudarem.
Que o diga José dos Santos, que foi morar na periferia de Escada para garantir o estudo dos filhos. Com o fechamento da Tiradentes, este ano, os dois filhos ficaram quatro meses sem aula.
- A escola era pequena, mas servia à comunidade. Tinha 14 alunos. Era pobre, não tinha luxo, mas fechar é muita perda - lamenta a mulher de José, Edna, que, assim como o marido, estudou somente até a 4 série e deseja bem mais para os filhos.
Com pós-doutorado em Educação, Eliane Dayse Furtado, da Universidade Federal do Ceará (UFC), também considera que a nucleação está por trás de boa parte do fechamento das escolas. Foi o que constatou ao percorrer 14 estados das cinco regiões do país em projetos de formação de educadores rurais. Na ocasião, também ouviu reclamações sobre precariedade do transporte escolar.
- Outro dia, em Redenção (CE), as crianças ficaram três semanas sem aula porque o único ônibus quebrou. E, quando chove, ele não passa - conta ela.
Professora da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Sonia de Jesus observa que, apesar dos problemas que comprometem a qualidade na educação do campo, quem mora na área rural quer frequentar a escola:
- Tem estabelecimentos sem banheiro, com paredes rachadas, sem material pedagógico. Mas, ainda assim, a população quer estudar. E há professores que, apesar dos problemas, fazem de tudo para dar aula.
Ednalva Cavalcanti, que hoje ensina 12 alunos, é assim, mas está desanimada, pois acha que a Escola Santa Rita, em Escada, está marcada para morrer: das três salas, duas estão fechadas.
- É triste ver o pessoal indo embora para dar lugar à cana - diz, informando que, em média, os alunos passam apenas três horas na escola, considerada uma das mais conservadas da área rural do município, pois tem alpendre, luz e água.
Entre 2007 e 2011, seis escolas municipais cerraram as portas em Escada, diz a secretária de Educação do município, Elizabeth Cavalcanti, explicando que a Tiradentes fechou por falta de alunos no Canto Escuro, onde O GLOBO computou, pelo menos, 20 moradias próximas:
- No engenho, só há quase adultos e adolescentes.
As três pesquisadoras ressaltam que a educação no campo é melhor nos assentamentos, por pressão e organização de movimentos sociais, como MST, que, recentemente, lançou a campanha "Fechar escola é crime".
O MEC informa que municípios, estados e DF recebem apoio técnico e financeiro por meio de várias ações e programas para educação do campo, onde estão quase 50% das escolas da educação básica do país, e diz que está elaborando um programa para implementar a Política de Educação do Campo. Destaca ainda que orienta para que a nucleação ocorra "quando realmente necessária", e dentro das diretrizes da área.