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Educadores lançam manifesto contra o fechamento de escolas no meio rural 
14 de outubro de 2011   
Da Página do MST
 
Um grupo de professores, intelectuais e entidades da área da  educação assinaram manifesto lançado pelo MST, nesta sexta-feira  (14/10), que denuncia o fechamento de 24 mil escolas na área rural e  cobra a implementação de políticas que fortalecimento da educação no  meio rural.
“Fechar uma escola do campo significa privar milhares de jovens de  seu direito à escolarização, à formação como cidadãos e ao ensino que  contemple e se dê em sua realidade e como parte de sua cultura. Num país  de milhares de analfabetos, impedir por motivos econômicos ou  administrativos o acesso dos jovens à escola é, sim, um crime!”,  denuncia o documento.
Entre 2002 e 2009, mais de 24 mil escolas do campo foram fechadas.  Os dados do Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas  Educacionais (Inep), do Ministério da Educação, apontam que, no meio  rural, existiam 107.432 escolas em 2002. Já em 2009, o número de  estabelecimentos de ensino reduziu para 83.036. 
O manifesto é assinado pela filósofa Marilena Chauí, professora de  Filosofia da Universidade de São Paulo, os educadores Dermeval Saviani,  doutor em Filosofia da Educação e professor da Universidade Estadual de  Campinas, Gaudêncio Frigotto, professor titular aposentado da  Universidade Federal Fluminense (UFF) e Roberto Leher, da Universidade  Federal do Rio de Janeiro.
Entre as entidades, subscrevem o documento a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e a Ação Educativa.
Abaixo, leia o manifesto.
CAMPANHA FECHAR ESCOLAS É CRIME! 
Mais de 24 mil escolas do campo foram fechadas nos últimos oito anos 
 
A Educação é um direito fundamental  garantido pela Constituição Federal (Título II - Dos Direitos e  Garantias Fundamentais, Capítulo III, seção I) - direito de todos e  dever do Estado. Entretanto, nos últimos anos, milhares de crianças e  adolescentes, filhos e filhas de camponeses, estão sendo privados deste  direito. 
Nos últimos oito anos, mais de 24 mil escolas do campo  foram fechadas. Os dados do Censo Escolar do Instituto Nacional de  Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do Ministério da Educação,  apontam que, no meio rural, existiam 107.432 escolas em 2002. Já em  2009, o número de estabelecimentos de ensino reduziu para 83.036. 
Para  essas famílias camponesas, o anúncio do fechamento de uma escola na sua  comunidade ou nas redondezas significa relegar seus filhos ao  transporte escolar precarizado, às longas viagens diárias de ida e  volta, saindo de madrugada e chegando no meio da  tarde; à perda da convivência familiar, ao abandono da cultura do  trabalho do campo e a tantos outros problemas. 
O resultado comum  desse processo é o abandono da escola, por grande parte daqueles  levados do campo para estudar na cidade. É por essa razão que os níveis  de escolaridade persistem muito baixos no campo brasileiro, em que pese  tenha-se investido esforços e recursos para a universalização da  educação básica. 
Portanto, fechar uma escola do campo significa  privar milhares de jovens de seu direito à escolarização, à formação  como cidadãos e ao ensino que contemple e se dê em sua realidade e como  parte de sua cultura. Num país de milhares de analfabetos, impedir por  motivos econômicos ou administrativos o acesso dos jovens à escola é,  sim, um crime! 
A situação seria ainda mais grave não fosse a  luta dos movimentos sociais do campo, por políticas de ampliação,  recuperação, investimentos,  formação de educadores e construção de escolas no campo. Importantes  para reduzir a marcha do descaso dos gestores públicos para com os  sujeitos do campo, mas insuficiente para garantir a universalização do  acesso à educação no campo. 
Denunciamos essa trágica realidade e  conclamamos aos gestores públicos municipais, estaduais e federais que  suspendam essa política excludente, revertendo o fechamento de escolas e  ampliando o acesso à educação do campo e no campo. Conclamamos também a  sociedade brasileira para que se manifeste em defesa do direito humano à  educação, em defesa dos direitos das crianças, adolescentes e jovens do  campo frequentarem a educação básica, no campo. 
Defender as escolas do campo é uma obrigação, fechar escolas é um crime contra as futuras gerações e a própria sociedade! 
Assinam 
Marilena Chauí - Professora de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP)  
Dermeval Saviani- Doutor em Filosofia da Educação – Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), 
Gaudêncio Frigotto, Professor Titular aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF) mestre e doutor em Educação 
Roberto Leher - Professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 
Celi Zulke Taffarel - Doutora em Educação – Universidade Federal da Bahia (UFBA) 
Sergio Lessa, professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Alagoas Universidade Federal de Alagoas (UFAL) 
Elza Margarida de Mendonça Peixoto - Doutora em Educação - Universidade Federal da Bahia (UFBA) 
Attíco  Chassot- Atua na área de Educação, com ênfase em Alfabetização  científica e História e Filosofia da Ciência - Universidade do Vale do  Rio dos Sinos (UNISINOS) 
Gelsa Knijnik- Doutora em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)  
Luiz Carlos de Freitas- é professor da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)  
Cláudio Eduardo Félix dos Santos – Doutorando em Educação - Professor da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) 
Mauro Titton - Professor do Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) 
Daniel Cara - Cientista Político - Coordenador Geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. 
Entidades 
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE)- Presidente Roberto Franklin de Leão 
Ação Educativa - Sergio Haddad, economista, doutor em educação, coordenador geral 
ActionAid 
Centro de Cultura Luiz Freire – (CCLF) 
Latinoamericana da educação - Campaña Latinoamericana por el Derecho a la Educación – (CLADE) - Coordenadora Camilla Crosso
Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA- CE) -– Coordenadora Margarida Marques
E-Changer Brasil – Solidariedade, construção coletiva, intercambio entre os povos – Coordenação - Djalma Costa